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Correntes
Descobri o que são elos em minha vida corrente
Pois os elos da corrente das leis “humanas”
Me aprisionaram a seu mundo estranho
E de seu rebanho fui a ovelha negra
Segregada por amar, reprimida por chorar
O vento foi traiçoeiro, veio sorrateiro
Me atiçou trazendo lascívia em seu hálito
E como força do hábito meu corpo se inflamou
E minha boca declamou a obscenidade
Que em cada canto da cidade a ventania
Se encarregou de espalhar
Então minhas palavras logo se tornaram furacão
Que perturbaram a alma e devastaram a calma
Trajados de armaduras e armados de euforia
Seguiram em romaria, minha pele farejando
E me cercando com olhares que me condenaram
Os pastores ordenaram que levassem pedras nas mãos
Assim, os falsos irmãos, pelo meu pecado de enxergar
Vieram a me cegar lançando então a primeira
Mas somente a derradeira que alguém jogou
Me libertou ao cair sobre minha corrente
E como minha mente, um elo se abriu
E fugiu a minha essência para o espaço
Ao passo que não mais existiria traição
Pela profanação de minha voz
Lá não haveria ouvido algoz capaz de deturpá-la
Aquele julgamento foi meu rito de passagem
Foi a viagem de volta ao meu lugar
O meu lar, onde minhas palavras gorjeiam
Onde meu olhos chovem e fazem brotar beleza
E a mãe natureza me dá colo para nanar
De dia me visto de mar, à noite me visto de lua
Mas prefiro a alma nua, é melhor para voar.
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