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Poetinha na garrafa


coloque-me em uma garrafa e
atire ao mar
e que seja uma garrafa
de bom vinho
para perfumar palavras
pelo caminho
levando buquê e rima
a quem me encontrar
coloque-me em uma garrafa e
atire ao oceano
se for de whisky, que seja
bourbon
sem gelo para aquecer
e dar o tom
ao seu blues, companheiro de
bossa ano a ano
coloque-me em uma garrafa e
atire ao rio
ao rio de janeiro,
fevereiro e março
que de tão maravilhosa
até jesus cristo
corre pro abraço
já estou na garrafa
e há água fora
invertendo as correntezas
sob signo de peixes
e síndrome de aquário
confinada ao útero de vidro
que me dará à luz sob seu sol
que à noite se faz
rastro de lua
e vem direto da sua rua
parecendo me

chamar, mar, mar
pise na praia,

estou chegando

andei soltando

poesia por aí

e se assim,

de onda, você ouvir
um poema

a ressaquear
é a ressaca da poesia
que embebedou

pelo caminho
náufragos

e até iemanjá

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